Letras que Flutuam

Com o objetivo de valorizar o trabalho dos artistas conhecidos como abridores de letras, surgiu o projeto Letras que Flutuam, que mapeia esses profissionais em diversos municípios ribeirinhos das regiões de Santarém, Marajó, Belém e Salgado, no estado do Pará.

Esse saber popular vem sendo estudado desde 2004 pela pesquisadora Fernanda Martins, inicialmente em sua monografia de especialização no Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O primeiro mapeamento foi realizado em 2014, nos municípios de Belém, Barcarena, Abaetetuba e Igarapé-Miri. A partir de entrevistas, registros fotográficos e audiovisuais, foram identificados 72 abridores e entrevistados 41 artistas. O resultado foi um documentário lançado na exposição Cidade Gráfica, em 19 de novembro daquele ano, no Itaú Cultural, em São Paulo.

Com o intuito de estimular a continuidade dessa prática — já ameaçada de desaparecer —, o projeto promoveu oficinas de abertura de letras com

jovens dos municípios mapeados. Essas ações começaram ainda em 2014 e foram mantidas em Belém, São Paulo e outras localidades.

O impacto destas ações foi apresentado na ATypI 2015, uma das principais conferências internacionais de tipografia, além de outros eventos voltados à visualidade amazônica.

Em 2015, a Etapa Marajó — segunda fase do projeto — foi contemplada pelo programa Rumos, do Itaú Cultural. No ano seguinte, o projeto foi premiado com o Prêmio Seiva, da Fundação Cultural do Pará. Na ocasião, o Mapinguari Design realizou uma exposição na Casa das Artes com bolsas recicladas confeccionadas em parceria com internas da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (SUSIPE), pintadas por abridores de letras.