



O projeto GraficAmazônica promoveu um encontro inédito que reuniu artistas populares, designers e pesquisadores de diversos países da América Latina para refletir sobre a arte gráfica popular da região pan-amazônica. Realizado em Belém, em 2021, com atividades gratuitas e transmissão online, o evento integrou a programação do DiaTipoX, encontro nacional dedicado à tipografia.
A programação contou com palestras, demonstrações de pintura e rodas de conversa sobre a visualidade popular latino-americana, com foco em manifestações gráficas tradicionais como os letreiros pintados à mão em embarcações, ônibus, fachadas e outros suportes urbanos.
A proposta do GraficAmazônica partiu da pergunta: existe uma linguagem gráfica popular compartilhada entre os países amazônicos? A partir dessa provocação, o encontro reuniu mais de 20 convidados do Brasil, Colômbia, Peru e Costa Rica.
O objetivo foi promover o intercâmbio entre mestres populares, pesquisadores e artistas gráficos, fortalecendo redes de colaboração e valorizando saberes tradicionais que muitas vezes permanecem à margem das narrativas institucionais do design.
O GraficAmazônica teve apoio da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, e foi promovido pelo estúdio Mapinguari Design, em parceria com o MapinLAB, escritório de design que atua na valorização do design amazônico.
Destaques da programação
A programação destacou experiências diversas da gráfica popular latino-americana. Entre os convidados internacionais estiveram os designers Azucena Cabezas e Alinder Espada, do Peru, responsáveis pelo estúdio Carga Máxima, referência no letrismo vibrante presente em caminhões, carrinhos de comida e ônibus peruanos.
Também participou a designer e professora colombiana Roxana Martínez Vergara, da Universidad de Los Andes, idealizadora do projeto Populardelujo, voltado à valorização de autores gráficos populares em seu país.
Do Pará, o evento contou com a presença de mestres abridores de letras com décadas de atuação nas margens dos rios amazônicos, além de artistas como Thiago Nevs, que desenvolve uma estética influenciada pela pintura de caminhão.
A pesquisadora Mariana Bernd, mestre pela FAU-USP, também integrou a programação com uma apresentação baseada em sua pesquisa sobre o imaginário visual amazônico, tema que vem sendo desdobrado em projetos audiovisuais.
Resultados e legado
O GraficAmazônica consolidou-se como uma importante iniciativa de intercâmbio cultural e técnico entre artistas e estudiosos da gráfica popular na América Latina. Além de promover o diálogo entre diferentes tradições visuais, o evento fortaleceu o debate sobre os direitos culturais dos mestres populares e apontou caminhos para a criação de uma Rede da Gráfica Popular, proposta que visa ampliar a visibilidade, o diálogo e a circulação desses saberes entre países da região.
A experiência reafirmou a potência da cultura visual popular como linguagem viva, urbana e amazônica, e destacou a importância de continuar investindo em ações que promovam o reconhecimento, a valorização e a proteção dos saberes gráficos tradicionais.



